sábado, 25 de agosto de 2007

MINHA CASA


Minha Casa
Zeca Baleiro
Composição: Indisponível


É mais fácil cultuar os mortos que os vivos

mais fácil viver de sombras que de sóis

é mais fácil mimeografar o passado que imprimir o futuro

não quero ser triste como o poeta que envelhece

lendo maiakóvski na loja de conveniência

não quero ser alegre como o cão

que sai a passear com o seu dono alegre

sob o sol de domingo

nem quero ser estanque como quem constrói estradas e não anda

quero no escuro como um cego tatear estrelas distraídas

quero no escuro como um cego tatear estrelas distraídas

amoras silvestres no passeio público

amores secretos debaixo dos guarda-chuvas

tempestades que não param pára-raios quem não tem

mesmo que não venha o trem não posso parar

tempestades que não param pára-raios quem não tem

mesmo que não venha o trem não posso parar

veja o mundo passar como passa uma escola de samba

que atravessa

pergunto onde estão teus tamborins

pergunto onde estão teus tamborins

sentado na porta de minha casa

a mesma e única casa

a casa onde eu sempre morei

a casa onde eu sempre morei

a casa onde eu sempre morei